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O Barão no Paço

obras de Manuel de Araújo Porto-Alegre em coleções locais

      Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806 – 1879), o Barão de Santo Ângelo, nasceu no Rio Grande do Sul e, muito jovem, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez carreira como escritor, político, jornalista, pintor, caricaturista, arquiteto, crítico, historiador da arte, professor e diplomata. O historiador Max Fleiuss chamou-o de “homem tudo”, uma definição precisa para essa personalidade multiforme.
      A sua reduzida presença no panorama da cultura sul-rio-grandense no século XIX levou Guilhermino Cesar a escrever que “Se houve um gaúcho ausente dos quadros locais[...], esse parece ter sido Manuel de Araújo Porto-Alegre”. Hoje a sua presença na sua terra natal é basicamente post mortem: túmulo, rua, monumento, nome de instituição e um rarefeito número de obras.
      Esta exposição tem por objetivo marcar sua presença entre nós, no pouco numeroso, mas expressivo, acervo local de suas obras, com destaque para a excepcional coleção do Museu Julio de Castilhos. Menor é a do MARGS e outros exemplos isolados estão na FUNDACRED, na Cúria Metropolitana e um desenho localizado em uma coleção privada. Temos aqui uma exposição perfil, marcante, instigante e rica de possibilidades, memória viva de sua trajetória, lida agora à luz de sua biografia artística e literária. Estas obras notáveis, dentre as quais contamos os retratos, as paisagens, os estudos decorativos, os cenários, os estudos para pinturas e os estudos de vegetação dão para delinear um retrato do intelectual do Segundo Império brasileiro.
      O ano de 2019 marcou os 140 anos da morte do artista e a efeméride possibilita esta volta do Barão ao Paço, pois, a dois de janeiro de 1930 os restos mortais de Manuel de Araújo Porto-Alegre, repatriados de Portugal, retornavam ao Estado, onde foi velado por cinco dias no Salão Nobre da Prefeitura. Depois foi levado para Rio Pardo, para “dormir o sono eterno na querida terra natal”, como nos conta De Paranhos Antunes. Temos novamente o Barão no mesmo Paço de 90 anos atrás, uma rara oportunidade de conhecer e resgatar sua personalidade de gigantescas proporções na história da cultura brasileira do século XIX.​

Paulo Gomes
artista e professor

janeiro de 2020

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