acústicos e elétricos
aparelhos sonoros de chico machado
O ato de construir e expor aparelhos sonoros para serem tocados traz alguma complexidade desde a sua origem. São necessárias diversas escolhas que envolvem as formas visuais dos objetos, seus materiais, a sua funcionalidade sonora, os modos de acionar o som e os modos como o público pode interagir com eles. Além disso, como uma criança que oferece seus brinquedos aos amigos, resta ao artista sempre alguma apreensão quanto ao modo como estes outros irão tratá-los.
Muitos dos dispositivos sonoros oferecidos ao público nesta exposição foram elaborados para serem utilizados em performances. Não é difícil pensar que a circunstância da performance é distinta da circunstância expositiva, pois o uso controlado que o artista dá aos aparelhos, a exploração máxima de suas capacidades, recursos e limitações nem sempre são compreendidos. Por outro lado, todos temos uma compreensão culturalmente e historicamente construída sobre os modos como devemos nos comportar na situação das exposições das artes ditas visuais. É só para olhar? Posso realmente tocar nos objetos? E em quais partes posso tocar?
Pois bem, nesta exposição, para ouvir tem que tocar. A dimensão sonora da experiência que se pode ter destes objetos é importante aqui. Toca-se com as mãos, e ao fazer isso, o corpo entra em contato com o objeto, sendo um a extensão do outro, estabelecendo uma relação de complementaridade.
Queridos amigos, brinquem e cuidem bem dos meus brinquedos!