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TECHNE

Techne consiste em duas exposições: uma na Pinacoteca Aldo Locatelli, em Porto Alegre, e outra na sede do Verein Berliner Künstler, em Berlim.

As mostras, que acontecerão concomitantemente, apresentam obras de membros da associação de artistas berlinenses, Verein Berliner Künstler, com sede em Berlim, e resultados parciais de pesquisas recentes desenvolvidas por professores, alunos e egressos do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, totalizando 26 participantes.

O título Techne refere-se diretamente ao conceito grego techné como um saber que irrompe de um fazer. Resultante de procedimentos é o conhecimento que se forma na presença, não ficando restrito ao mero entendimento de operações técnicas e tecnológicas. Lembramos da techné que se desenvolve nas interfaces eletrônicas e permeia os intercâmbios e suas expertises presentes nas formas de comunicação atual, também favorecendo a aproximação e a circulação de artistas e suas proposições.

 

Curadoria: Sandra Becker e Elaine Tedesco

 

Artistas

 

Tula Anagnostopoulos . Tetê Barachini . Sandra Becker . Catherine Bourdon . Luciane Bucksdricker . Marina Camargo . David Dibiah . Burghild Eichheim . Monika Funke Stern . Viviane Gueller . Margret Holz . Rosika Jankó-Glage . Susanne Kessler . Simone Kornfeld . Ana Michaelis . Franziska Rutishauser . Bernadette Schroeger . Samy Sfoggia . Andrea Sunder-Plassmann & Sigi Torinus . Daniela Távora . Elaine Tedesco. Amanda Teixeira . Marion Velasco . Gerard Waskievitz . Ila Wingen .

 

visitação: 29 de maio a 12 de julho de 2019

 

Texto de Sandra Becker sobre o conceito da exposição

O termo “techne” não remete apenas à raiz da palavra “tecnologia”. Mais do que isso, refere-se tanto à arte quanto à técnica. A exposição visa promover a fusão de ambas disciplinas, já que foram pioneiras no desenvolvimento histórico da tecnologia.

O ano de 1984 foi especialmente significativo. Não é apenas o título do romance pioneiro de George Orwell, no qual o cenário digital, que hoje já é realidade, foi previsto; mas também, em 1984, dá-se o início da exclusão das mulheres das Ciências da Computação e do mundo digital. É o primeiro ano do Chaos Computer Club. O MIT descobriu que as mulheres, desde então, perderam a conexão com a Tecnologia da Informação (TI), porque era necessário ter um computador para estudar, o que frequentemente não era acessível a elas.

Arte e tecnologia foram pensadas historicamente em conjunto. Lembre-se de Leonardo Da Vinci. A separação das disciplinas só ocorreu na modernidade e foi agora novamente trazida à tona devido ao desenvolvimento digital. Mas o que mudou? O que os artistas fizeram com isso?

Já no século XVIII, o desenvolvimento técnico e o cultural estavam intimamente ligados. Nos salões vitorianos, chamados de “Teorias” (festas de chá de produtores, pesquisadores e artistas), havia objetos cinéticos, que representavam o tempo. Na imagem, há uma figura de filigrana dançante, que era comum na época, mas não se preservou.

O desenvolvimento do próprio computador está relacionado ao tear. Jacquard criou, em 1801, o primeiro tear com cartão perfurado para que fosse possível tecer padrões complexos. Os cartões perfurados foram usados para computadores até recentemente, nos anos 1990. Atividades manuais estão, até hoje, presentes na cena do Maker-Szene, em que tecnologia e moda se unem.

O desenvolvimento do tear foi o protótipo para o primeiro computador, a “Máquina Analítica” de Charles Babbage, que devido ao seu tamanho nunca pode ser construído. A descrição de possíveis operações aritméticas conduziu para o primeiro código do mundo, escrito por Ada Lovelace, nome adotado pela filha do poeta Byron e matemática, Anna Isabella Noel-Byron. Ela previu, já 100 anos antes da construção do primeiro computador, o desenvolvimento da atual máquina universal.

A exposição aborda questões logarítmicas e se dedica à relação de técnicas artesanais e processos de produção computacionais.

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