CLÁUDIO MARTINS COSTA - DESENHOS
exposição comemorativa aos 90 anos do artista
Iniciando a sua participação nas comemorações dos 250 anos da capital gaúcha, a Coordenação de Artes Visuais da Prefeitura abriu na Pinacoteca Aldo Locatelli uma exposição do porto-alegrense Cláudio Martins Costa (1932-2008). Sob curadoria da professora Neiva Bohns, a mostra traz a público um conjunto de desenhos e estudos elaborados pelo escultor que se destacou no ensino da arte e cuja obra desenvolveu e aprofundou aspectos formais e temáticos do modernismo.
CLÁUDIO MARTINS COSTA – DESENHOS
visitação: até 14 abr 2022, seg a sex, das 9h às 12h e das 13h30 às 17h.
Texto curatorial
Esta exposição, que apresenta uma série de desenhos de Cláudio Martins Costa (1932-2008), comemora o aniversário de noventa anos de nascimento do artista e professor, que atuou, durante várias décadas, em diferentes instituições de Porto Alegre. Mais conhecido pelo trabalho escultórico, Cláudio Martins Costa tinha o hábito de rascunhar seus pensamentos visuais em papéis, que se acumulavam no ateliê, e que foram guardados pela família. No final da vida, já acamado, uma de suas últimas ações foi relembrar, através do desenho, a casa onde nasceu e viveu na infância.
Trazemos aqui um conjunto de desenhos que são reveladores para entender o lugar que o artista ocupa – ou deveria ocupar – na historiografia da arte sul-brasileira. Incluímos alguns guaches, de firme organização gráfica, que introduzem o tratamento pictórico, igualmente significativo pelas escolhas estéticas.
Com exceção dos desenhos de cunho naturalístico, ligados a imagens constitutivas das memórias biográficas, a estruturação geométrica das formas revela a persistência na abordagem modernista que caracterizou o conjunto da sua obra, também presente nas peças escultóricas. No afã de capturar a força e a grandiosidade dos animais em movimento, por exemplo, o artista utilizava uma potente síntese formal, com a geometrização enfatizando o volume dos corpos. Nas volumetrias projetadas a partir de bases quadriculadas, assim como nos exercícios gráficos, percebemos a objetividade quase matemática do seu raciocínio criativo.
Há, no conjunto do seu trabalho, um enfoque regional, com ênfase nos modos de vida das populações sulinas, que, por razões diversas, foi sendo gradativamente obliterado na produção dos artistas contemporâneos. Sensível às temáticas sociais, Cláudio Martins Costa manteve, quase isoladamente, no contexto artístico em que vivia, algo das características formais utilizadas pelos muralistas da latino-américa, sem se reduzir às influências mexicanas.
O interesse pela cultura indígena o acompanhou durante toda vida. Mantinha amizade com indígenas, a quem tratava, com grande consciência histórica, como “os verdadeiros donos das terras”. É notável o projeto que incluímos aqui, de uma “oca” – espécie de escultura habitável, com a organicidade dos saberes ancestrais. As representações de grupos indígenas, sugerindo narrativas, também são importantes no contexto desta exposição, que coloca o artista como um precursor de temáticas que são fundamentais no contexto artístico e historiográfico contemporâneo.
Cláudio Martins Costa gostava de praticar atividades ao ar livre, fazer caminhadas, cavalgadas e passeios de barco com os filhos. Há tanta delicadeza e ternura no pequeno desenho de observação que fez da esposa, num momento de descontração durante um veraneio, que muito podemos inferir sobre sua sensibilidade. É uma linda e singela declaração de amor.
Constituiu, com convicção e resiliência, uma família numerosa, numa época em que se processava uma forte transformação nos modos de vida e nas formas de relacionamento. Durante o período em que viveu e trabalhou, dedicou-se a orientar, ensinar e produzir arte com tanta intensidade e paixão, que as marcas de sua passagem continuaram reverberando positiva e saudosamente entre seus amigos, alunos e familiares.
Neiva Bohns, curadora da exposição.
Biografia de Cláudio Martins Costa (1932-2008)
Natural de Porto Alegre, Cláudio Martins Costa graduou-se em Escultura no Instituto de Artes da UFRGS em 1966, instituição na qual lecionou de 1971 a 1990. Dividiu sua vida docente entre mais duas instituições, o Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre e a Escola Superior de Artes Santa Cecília, no município de Cachoeira do Sul.
Destacou-se como escultor, mas também se dedicou ao desenho. Sua obra versa sobre temas como a cultura indígena, figuras religiosas, dentre as quais a figura São Francisco é a mais recorrente, cavalos, touros e elementos da natureza. Trabalhou durante cerca de 30 anos em seu atelier no Bairro Cascata, nas proximidades do Morro da Polícia, local onde nasceu em 11 de março de 1932.
Completou a sua formação com diversos cursos na área de artes plásticas, entre eles o Curso de Criatividade (Instituto de Artes - UFRGS, 1972), Cerâmica (ESASC, 1973), Tapeçaria, Serigrafia, Gravura e Pintura (ESASC, 1973) e Extensão Universitária de Escultura (Instituto de Artes-UFRGS).
Participou de mostras coletivas, como nos vinte anos do Atelier Livre (1981); Rumos da Arte (idem, 1982); II e V Coletivas de Arte do Colégio Americano (1983/85); Coletiva de escultores (Alfred Hotel, Porto Alegre, 1985); I Mostra de Arte com Temática Gaúcha (Cachoeira, 1985); 25 anos do Atelier Livre (1986); Artistas Contemporâneos (Com. Coruja, Cef, Porto Alegre, 1986); 25 anos de Escultura no RS (CEEE, Porto Alegre, 1986); "25 x 25": O Instituto de Artes Expõe a sua História - Pinacoteca Barão de Santo Ângelo (IA/UFRGS, 1996); II Porto Alegre em Buenos Aires (Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires, 1997); e Arte-Sul 97 (MARGS, 1997).
Realizou quatro exposições individuais, duas na Escola de Arte Santa Cecília de Cachoeira do Sul, a primeira em 1986 e a segunda em 1997, ocasião em que foi homenageado. As suas últimas exposições individuais ocorreram em 1999 no Saguão do Centro Municipal de Cultura de Porto Alegre.
Após o seu falecimento foi realizada a exposição “Anotações do Escultor”, na Pinacoteca Aldo Locatelli. No mesmo período a Associação dos Escultores do Rio Grande do Sul produziu a mostra coletiva “Homenagem a Cláudio Martins Costa”, também no Paço dos Açorianos, no espaço expositivo do Porão.
Em 2014, integrou a exposição “Branco de Forma”, na Pincoteca Barão de Santo Ângelo – Instituto de Artes da UFRGS - Curadoria de Tête Barachini e Paulo Gomes.
Em 2018, por ocasião dos 10 anos de seu falecimento, foi realizada a exposição “Cláudio Martins Costa: Instantes de permanência” (curadoria Clóvis Martins Costa), na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo – Instituto de Artes da UFRGS. A exposição contou também como o lançamento do livro/catálogo “Cláudio Martins Costa: Instantes de permanência” (organização Clóvis Martins Costa e Tetê Barachini). O projeto da exposição e lançamento do livro se desdobrou em duas exposições individuais:
2019 – “Cláudio Martins Costa: Instantes de permanência”. MARGS. Curadoria Clóvis Martins Costa e Tetê Barachini.
2019 – “Cláudio Martins Costa: Instantes de permanência”. MALG. Pelotas, Curadoria Clóvis Martins Costa.
EXPOSIÇÕES ANTERIORES
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de iberê a maqui >
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xxv Salão de Desenho para Imprensa >
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fone: [55] (51) 3289-3735
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9h às 12h • 13h30 às 17h
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A Associação das Pinacotecas de Porto Alegre – AAPIPA- foi fundada em 2016 por um pequeno número de cidadãos dispostos a uma tomada de ação efetiva em prol do desenvolvimento e difusão do circuito das artes na cidade de Porto Alegre. Seu engajamento se materializa no apoio as ações e projetos das Pinacotecas Ruben Berta e Aldo Locatelli da Secretaria da Cultura da capital gaúcha e da Pinacoteca Fundacred em vias de passar á administração municipal por comodato. A AAPIPA estimula por meio do trabalho de seus associados o exercício do voluntariado, e na medida que propõe e co-executa projetos e eventos de interesse das pinacotecas e da população cultiva o desenvolvimento do empreendedorismo cultural.
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